Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Esses pequenos versos do Poema Enjoadinho de Vinícios de Moraes sobre os filhos se aplicam a muitas coisas na vida. Dentre elas, a participação em bancas de concursos.
Uma coisa na vida é muito difícil: "pastorar" prova escrita em concurso público. Se todas as coisas dependessem da nossa organização seria ótimo, mas como dependemos da organização "central", literal e redundantemente centralizadora, muitas coisas saem do nosso controle e do contentamento dos candidatos.
Organização é uma coisa aparentemente simples, apenas se contarmos com recursos e apoio logístico da instituição. Neste concurso 2010 da UERN, a comissão dispunha de pouquíssimos funcionários, apenas uma pessoa da informática, meios de divulgação de informações - tanto para as bancas quanto para os candidatos - herdados do século XIX. Os resultados não irão ser divulgados na internet. Absurdo! Pouca programação visual do campus para orientar a movimentação de pessoas que não são familiarizados com o espaço, de modo que muitos candidatos demoraram a chegar nas salas, sendo assim prejudicados. Aliás, criando um stress desnecessário, para uma situação já estressante.
Ontem logo na chegada dos professores das diversas bancas no hotel teoricamente destinado a hopedá-los, não havia vagas para todos e chegou-se a pensar em colocar 3 pessoas em apenas um quarto com cama de casa. Em cima da hora tiveram que ser remanejados para outros hotéis às pressas. Os novos hotéis não estavam preparados para fornecer almoço depois das 14h, uma vez que foi uma demanda repentina. Resultado, fome e descontentamento, já que eles haviam saído de Natal as 8h da manhã e estavam morrendo de fome.
Havia bancas sendo desmanchadas na hora, e na véspera do dia do concurso, porque a instituição só disponibilizou transporte a partir de Natal, forçando quase todos os
membros externos serem da UFRN. As bancas contar, assim, com professores da Paraíba ou do Ceará, pois eles não iriam bancar seus próprios custos para trabalhar.
Bem, só resta a nós das bancas, que estamos tendo contato direto com os candidatos, morrermos de vergonha por dentro e dar explicações "inexplicáveis" aos nossos colegas, com um sorriso amarelo no rosto.
Esta é mais uma característica de nossa instituição: dá muito pouco e quer receber muito. Gostaria de saber quando o estado do RN vai perceber que sustentar uma universidade não é para as conveniências de deputados estaduais. Exige-se um trabalho a ser feito e recursos suficientes para tal.
No entanto, o único consolo, se é que existe, é que essa situação não é exclusiva nossa. Universidades de conceito internacional como a USP, Unicamp, UFSCar também estão amargando um período de vacas magras em um setor que nunca passou por surtos de fartura: a educação e, principalmente, onde se produz o conhecimento que impulsiona vários setores da sociedade, ou seja, educação de nível superior.
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