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sexta-feira, 12 de março de 2010

Professor: uma profissão estressante

Sou professora universitária há 14 anos. Como todos, no início comecei com muito entusiasmo e dedicação - não que eu já não tenha mais dedicação, ela continua -, mas o entusiasmo... fugiu e não sei para onde foi. Todos os semestres começo com esperanças de que vou encontrar alunos interessados, que tenham uma relativa cultura geral. Bem, eles - o feras - até começam com um certo interesse, mas aos poucos a universidade vai lhes incutindo, ao invés de saber, cultura... vícios. 

A expansão realizada nas universidade de forma irresponsável e eleitoreira - falo de uma universidade estadual - onde em cada município de 500 habitantes o prefeito quer um núcleo avançado, esvazia a instituição de recursos e de qualidade de infraestrutura e de condições de trabalho para o professor. Existem professores que por uma pequena diferença de salário, sujeitam-se a viajar 2 ou 3 horas para dar aulas em municípios que não têm a mínima condição de funcionamento de uma escola de nível médio, quanto mais de um curso universitário. O professor se desgasta e o seu tempo de aperfeiçoamento e atualização vai para o espaço.
Isso, sem falar na competição - desleal - entres colegas "educadores" e a corrida de obstáculos implantada pelas agências "fomentadoras" (de quê, às vezes me pergunto) por publicações e a realização de atividades do famoso "tripé": ensino, pesquisa e extensão. Não se leva em conta as características de cada professor. Existem os que simplesmente amam estar em uma sala de aula, outros que adoram as atividades de pesquisa e há os que gostam de interagir com a comunidade. Estas três características dificilmente vêm juntas em uma só pessoa.


Por isso, a profissão de professor é bastante desgastante emocionalmente. Outras profissões como os profissionais da saúde, advogados, policiais e bombeiros, que trabalham sob pressão e que não podem correr o risco de tomar atitudes precipitadas sofrem de uma síndrome conhecida como "burn out" (desgaste profissional).


Sintomaticamente, esta síndrome se caracteriza pelo cansaço físico e intelectual, pela indiferença e a sensação de fracasso pessoal e profissional, de não saber mais o que fazer para realizar suas tarefas a contento. fazendo-os muitas vezes perder a saúde em geral. Os sintomas são fadiga física, intelectual e sexual prolongadas, cansaço permanente, e perturbações psicossomáticas de diversos graus - tenho colegas que tiveram síndrome do pânico, inclusive eu -, assim como, uma tendência à desmotivação e ao desinteresse, somada a uma dificuldade nos relacionamentos sociais que dificultam o contato com amigos e colegas. Além disso, as pessoas com a síndrome do desgaste profissional tendem a não respeitar os prazos estipulados, reduzem suas atividades de lazer, vida sedentária, perda da confiança em si mesmo, questionamento de seus valores profissionais e pessoais.


Não se assustem, por todos esses problemas, mas às vezes considero o professor como aquele velho palhaço de circo: enquanto sua vida particular desmorona, tem de manter um sorriso e ainda fazer graça para sua plateia.

Você também pode ver sobre o assunto:
PUC-PR
Universia
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Ser professor universitário

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